Pernambuco

Jovens matam colega e filmam sequência de tortura em Maria Farinha/PE

A adolescente foi esfaqueada, agredida e sofreu tentativa de afogamento. Duas adolescentes de 15 anos teriam cometido o crime

Duas adolescentes foram apreendidas em flagrante na manhã desta terça-feira (25) depois de torturarem, esfaquearem, espancarem e afogarem uma colega na praia do Pontal de Maria Farinha, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. O assassinato foi todo filmado e o vídeo, de teor muito forte, circula pelas redes sociais.
A vítima, também adolescente, aparece ensanguentada na beira da praia e não tem forças para reagir às várias pancadas no rosto dadas por uma das envolvidas. Ela, que ainda não foi identificada pela polícia, veste uma farda da Rede Pública de Ensino do Recife.
Enquanto chora e apela para que a deixem ir embora, a garota é segurada pelos cabelos, xingada e acusada de namorar um homem casado. Em seguida, ela, que também foi esfaqueada na região do pescoço e da nuca, é arrastada para dentro do mar, onde é mantida embaixo d’água até perder os sentidos. No vídeo, é possível ouvir a pessoa que filma incitando as agressões: “Tá com pena? Afoga ela!”, diz a adolescente.
No fim da gravação, quando a vítima é arrastada já desfalecida de volta para a areia da praia, uma testemunha aparece e começa a gritar com as suspeitas, questionando se foram elas que fizeram aquilo, ao que elas respondem dizendo que a adolescente morreu por conta de uma suposta traição. Pouco antes de o vídeo ser encerrado, a pessoa que presenciou a cena diz que as responsáveis não vão sair do local e pede para que alguém chame a polícia. A vítima é então retirada do local para ser socorrida, mas já estava sem vida.
As envolvidas foram levadas à Delegacia do Janga, mas de lá seguiram para outra unidade da Polícia Civil, onde estão sendo ouvidas. O corpo da adolescente assassinada foi recolhido e levado ao Instituto de Medicina Legal do Recife. No local, foi feita uma perícia preliminar.
De acordo com o delegado Augusto Cunha, que esteve no local, o corpo apresentava vários ferimentos e sinais de afogamento, mas somente o laudo tanatoscópico vai definir a causa da morte. A adolescente também apresentava cortes na mão, que podem ter ocorrido quando ela tentava se defender das agressões.
Op9

Uma adolescente de 14 anos foi agredida até a morte por outras duas adolescentes de 15 anos, na manhã desta terça-feira (25), em Maria Farinha, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. De acordo com a Polícia Civil, as menores filmaram oito minutos de tortura contra a vítima.

Nas imagens, é possível ver que a vítima foi agredida com socos, puxadas de cabelo, tem a cabeça empurrada contra uma pedra, sofre sucessivas tentativas de afogamento e diversos golpes de faca na nuca. Na gravação, é ainda possível ouvir o momento em que uma mulher chega ao local após o crime e fala que vai chamar a polícia.

O corpo da vítima foi deixado na beira da praia, no Pontal de Maria Farinha, próximo a uma edificação abandonada. A vítima usava o uniforme de uma escola municipal do Recife.

>> Suposta traição teria motivado o crime

Segundo a Polícia, as responsáveis pela morte da menina foram apreendidas na Praia e encaminhadas para a Delegacia de Maria Farinha. De acordo com o delegado, durante um depoimento informal, as adolescentes relataram que elas elas mantinham um envolvimento amoroso e a morte teria acontecido por uma possível traição.

O delegado Álvaro Muniz falou ainda que as duas gravaram o vídeo com o propósito de divulgar o que haviam feito. Ainda segundo o delegado, as menores têm passagens pela Funase e estavam sob efeitos de drogas.

De acordo com a Polícia Civil, as duas demonstraram resistência no momento da prisão e agrediram policiais civis e militares . “Elas permaneceram na delegacia, mas começaram a gritar, a surtar e diante deste contexto fica inviável colher o depoimento”, explicou o delegado.

Namorado diz que adolescente morta já foi agredida por uma das suspeitas

A mãe da vítima foi, acompanhada do companheiro e do namorado da filha, para o Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro. De acordo com o namorado da vítima, a jovem havia tido uma relação amorosa com uma das suspeitas. “A minha namorada tinha cicatrizes nas pernas porque essa menina batia dela”, conta o rapaz.

“Isso foi uma maldade terrível. Em momento nenhuma ela falava em ameaças. Ela tava super feliz, morando comigo. Ela estava indo da escola para casa. Ela já estava construindo um cantinho para morar com o namorado. Essa menina estava inconformada com o fim do relacionamento”, desabafa a mãe da menina.

Passagens pela Funase

Em nota, a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) informou que uma das adolescentes de 15 anos já havia passado pelo sistema socioeducativo, tendo cumprido medida de semiliberdade em 2018. Já a outra adolescente, também de 15 anos, chegou a dar entrada na instituição em 2017, mas, após um período de internação provisória, que dura até 45 dias, recebeu sentença da Justiça determinando o encaminhamento para a liberdade assistida, que é cumprida sem qualquer vínculo com a Funase.

A instituição reforçou que o índice de reincidência dos jovens atendidos no sistema socioeducativo em Pernambuco caiu mais de 20 pontos percentuais nos últimos dois anos, passando de 61,84%, em 2016, para 40%, em 2018. “Significa que seis de cada dez adolescentes não voltam a cometer atos infracionais após deixarem a fundação. A Funase trabalha para seguir melhorando esses indicadores, por meio do fortalecimento de eixos como a educação profissional. Só no ano passado, 2.207 socioeducandos foram incluídos em cursos profissionalizantes, o que se reverte em maiores oportunidades de reintegração social e inserção no mercado de trabalho”, escreveu a Funase em nota.

#UmaPorUma

Existe uma história para contar por trás de cada assassinato de mulher em Pernambuco. O especial Uma por uma contou todas. Em 2018, o projeto mapeou  onde as mataram, as motivações do crime, acompanharam a investigação e cobraram a punição dos culpados. Um banco de dados virtual, com os perfis de vítimas e agressores, além dos trágicos relatos que extrapolam a fotografia da cena do crime. Confira o especial Uma por Uma AQUI.

Geraldo Majela

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